Entregarmos fotografias não editadas, é como ir a um restaurante e o chef mandar servir o prato antes de o cozinhar

Os fotógrafos praticam diferentes formas de servir o seu cliente. E muitas vezes, o mesmo fotógrafo já mudou de estratégia, andando para trás e para a frente nas suas escolhas, conforme as tendências e o melhor para o seu negócio. E, o tipo de sessões que realiza, certamente que também guia as opções que toma. Será diferente se estivermos a considerar falar de reportagem, casamento e batizados, ou maternidade e bebés. E mesmo dentro desta última categoria, ainda temos diferentes resultados. O meu, e o da maior parte dos meus colegas, define-se por "fineart": procuramos entregar cada imagem, como se uma de uma peça de arte se tratasse! A edição é feita individualmente. Cada píxel é estudado e editado de forma a apresentar um resultado final.

A maioria dos profissionais, regista as fotografias gravando-as em formato "RAW" (= cru). Muitos de vocês sabem do que estou a falar, se eu mencionar "jpeg". Sabem que é o formato da imagem! RAW, é igualmente um formato de imagem. Quem quiser, pode pesquisar sobre isso na internet e encontrarão muita informação, mas em traços gerais, significa que se trata de uma imagem "em bruto", minimamente processada, não estando pronta para ser entregue ou impressa. Embora sejam imagens "mais pesadas" (pois ocupam muito mais espaço), têm depois a vantagem de serem praticamente todas costumizáveis, ajustando temperatura, definição, exposição, etc., ao nosso gosto pessoal. Além de que, nem todas as aplicações, programas ou plataformas, conseguem abrir este formato. É considerado mesmo para profissionais, para serem obrigatoriamente editadas.

Vejam, abaixo, um exemplo do que vos falo. Provavelmente, até avaliam a primeira foto negativamente, afirmando que se forem vocês a pegar na máquina, a vossa fica muito mais bonita, com cores mais vivas! Pois, é natural! À partida, a vossa máquina grava-as em "jpeg". Isso significa que lhes são aplicadas um filtro. Hoje em dia estamos bem familiarizados com os "filtros" que encontramos em vários programas de computador ou telemóvel, por exemplo. Mas, ao ser-lhes aplicado esse filtro, torna mais difícil (e impossível em algumas situações) a total manipulação das fotos, criando o efeito final que o fotógrafo procura.

Foto Raw

Foto editada

Contratem um fotógrafo pela qualidade das imagens finais, não pela quantidade.

Por vezes há clientes que querem toda a galeria. As fotos não editadas também. Atenção, nós entendemos! Estamos a referir-nos a sessões muito especiais para cada um de nós. Queremos guardar todo e qualquer registo! Mas hoje em dia, com a integração nas redes sociais, facilmente se desencaminha o trabalho de um fotógrafo, mesmo que sem intenção. Imaginem, que a minha cliente, publica, sem querer, esta primeira foto! Provavelmente, terá amigos a questionar se "pagou por aquilo?"!

Entendam que, há fotógrafos que poderão dar todas as fotos da sessão, mas não faz desse acto uma lei ou uma mais valia. Na minha opinião, o serviço contratado refere-se a X fotos digitais editadas, e então, será nada mais, nada menos, isso que o cliente deve esperar. As melhores "X imagens" daquela sessão. O fotógrafo até pode disparar a máquina apenas essas X vezes! Mas, geralmente, queremos certificarmo-nos que temos registos variados para ampliar a nossa possibilidade de escolha.

Já permiti que fossem os clientes a escolher as fotos, já bloqueei essa opção, e neste momento, utilizo ferramentas que, até ver, permitem toda a comodidade para que seja (novamente) o cliente a escolher as fotos a editar. Ele pode ver, não pode guardar. Não é esse o objetivo. Pode até, muito facilmente, escolher mais fotografias do que aquelas inicialmente combinadas, mediante novo orçamento.

Desta forma, salvaguardo o meu trabalho, e dou a oportunidade aos clientes que vejam toda a sessão (por editar). Como já referi, a maior parte dos profissionais, entrega " a refeição completa no prato" e não "apenas os ingredientes crus (RAW)".